Os
fatos mais interessantes do final de semana na Áustria,
semana passada, estão ligados às especulações
sobre as parcerias para 2004. Os "esboços"
de mudanças e o que pode ser deduzido e induzido sobre
o que já "pode" estar ocorrendo nos bastidores
é muito menos previsível e, por isso mesmo,
mais interessante do que os resultados das últimas
provas. Quanto ao passeio dominical de Michael Schumacher
e demais aspectos, digamos "isolados", relativos
ao GP da Áustria, deixo para o final. Vamos ao que
está "circulando" nos bastidores. Em muitos
momentos, colocarei em itálico aquilo que deduzo ou
induzo...Por partes:
· Imbróglio #1 ( Williams-BMW- VW/Audi- Sauber
e cia)
Nossa que rolo!! Há dois anos, quando da falência
da equipe Prost, recebi dicas de gente, que vivia o dia a
dia lá dentro da F-1, que "circulava" que
a VW era uma das empresas interessadas na aquisição
da equipe...Porém, a equipe Prost tinha "tanto
rolo" junto a FIA, FOCA e "credores" que a
coisa acabou não saindo...Lembram-se de que já
havia sido dada como certa a venda da equipe quando Bernie
Ecclestone "informou" que só se fosse dada
uma "garantia" (astronômica mesmo para a já
astronômica F-1) a equipe voltaria a correr? Pois é,
a coisa emperrou e a Prost foi a pique mesmo. Mas, agora a
coisa começa a tomar forma mais clara. A VW, através
da Audi, poderia entrar na F-1 através da Williams
ou da Sauber.Como Jean Jacques His - o homem que projetou
os motores Renault Turbo e V-10 - deixou a equipe e a marca
recentemente alegando que iria buscar novos rumos para sua
carreira, sem declarar quais; Gerhard Berger deixou o cargo
de Diretor Esportivo da BMW, e, o ex-projetista da McLaren
está "desaparecido" há dois anos,
não ficarei surpreso se eles reaparecem unidos no projeto
da VW. Obviamente, entre as equipes que "procuram"
somente motores a Williams é a mais cotada. Porém,
a Sauber e até a Jordan seriam equipes nas quais seria
mais fácil montar um conjunto com as "pessoas
chaves" disponíveis e envolvidas.Mas, também
é possível que a VW passe a ser acionista majoritária,
ou exclusiva, de uma "equipe mais barata", já
que ela é que iria colocar e bancar as peças
chaves, leia-se, motor, chassis, pessoal técnico e
pilotos.
·
Imbróglio #2 (Barrichello e a dança das cadeiras)
Diz um velho ditado que se o cavalo ganha uma vez é
sorte; duas, coincidência, três, é melhor
apostar no cavalo.
Pois bem, nas 3 últimas provas, Barrichello tem obtido
terceiros lugares quase "burocráticos" e,
principalmente nas duas últimas, tem marcado voltas
velocíssimas durante a prova, porém, não
ultrapassa quem vai a sua frente e que, por suas vezes, estavam
entre ele e o alemão na primeira colocação.
Pergunto-me: Se o alemão passa tão facilmente
porquê ele não faz o mesmo ou ao menos parecido?
Como piloto e reconhecendo a excelente fase de Barrichello
duas hipóteses despontam em minha cabeça:
1. Barrichello se encheu de ficar de "escudeiro"
do alemão, principalmente diante da declarada, por
Jean Todt, diretor da equipe, "prioridade" de Schumacher
e tendo o alemão renovado com a equipe, ele, Barrichello,
estaria com "algum outro negócio na manga".
O GP de Barcelona teria sido a "gota d'água".
Possibilidades: Williams e McLaren.
2. Barrichello se encheu.....E não está mais
disposto a colocar a corda no pescoço para ficar entre
o alemão e algum pretendente ao título ou para
minimizar os erros de sua equipe de mecânicos e engenheiros.
"O alemão que se vire. Eu só vou para cima
se puder ser o primeiro colocado". Pelo profissionalismo
do brasileiro, acho menos provável que o número
1.
Às demais hipóteses, inclusive a de que
nada disso esteja ocorrendo, meu "feeling" reluta
em dar maior relevância...Assim, como dizem que onde
há fumaça há fogo, começo a acreditar
que a fogo de palha da esperada competitividade já
se apagou e que agora "novos focos" é que
prometem aquecer a disputa.
Quanto à prova em si, não há muito a
ser dito:
- O alemão fez uma corrida impecável e se mostrou
tão determinado a vencer que não acredito que
o ímpeto e talento de Raikonnen e de Alonso já
sejam capazes de destronar o alemão. Eles vão
precisar um pouco mais de tempo de assento e equipamento.
Isso para não falar da "sorte"...Quando o
motor de Montoya quebrou e o alemão estava assumindo
o "segundo" posto...A "dona sorte" parece
querer continuar usando o mesmo vestido vermelho com o número
1.
- Raikonnen fez mais uma excelente prova e não se intimidou
com a presença de Barrichello no espelho. Terminou
num "justo" segundo lugar. Porém, no caso
dele, a "dona FIA" parece querer usar manto prateado.
Pela segunda vez no ano permitiu que fossem feitas alterações
no carro entre a classificação e a prova...Desta
vez, foi reabastecimento e, não tenho dúvidas,
"regulagens" do motor. O próprio Mr. Dennis
já havia dito que se fosse permitido "plugar"
o carro, serio o suficiente para que fossem processadas alterações....
- Alonso teve seu final de semana de Raikonnen...Jogou tudo
fora no treino de classificação
- Mas, Jenson Button fez uma grande corrida. Lá na
BAR é difícil, pois o falastrão do Villeneuve
sempre "crocodilou" os "companheiros de equipe
que o ameaçaram..." Ricardo Zonta que o diga...Até
o engenheiro do carro de Zonta o falastrão do Villeneuve
"requisitou" quando Zonta ficou a poucos décimos
do tempo dele...Acho que ele devia "melhorar" sua
declaração de que "se andasse atrás
de Button era melhor ir para casa" e mudar o nome de
vez para "Villeveieu." Ô sujeitinho ranzinza..!Murrinha!
- Cristiano, coitado, perdido no ninho...Os japas "bateram
cabeça durante todo o final de semana"!
- Pizzonia até que andou bem...Mas, quando as coisas
vão mal é duro...Desta vez o carro ia abrir
o bico e ele teve que deixar caminho aberto para, dentre outros,
seu "companheiro" de equipe...Como o australiano,
Webber, já virou "xodó" do time e
renovou até 2005, vai ser difícil sobrar alguma
coisa de "decente" para o brasileiro...
Agora será vez de Mônaco. Pela retrospectiva,
em condições normais e até pouco anormais,
aposto no Michael...Alguém quer entrar contra nessa?
Até porquê não achei os primeiros treinos
do novo McLaren suficientemente "surpreendentes"
para numa pista tão "travada" ser capaz de
ser o "diferencial". Chassis por chassis fico com
o da Ferrari...Depois, em pistas de alta, pode até
ser que "dê para a McLaren". Mas, Schumacher
declarou que ainda há um grande potencial a ser desenvolvido
pela FAG 2003. Tomara que "dê graça"...Pois,
já voltou a dar sono... Nem mesmo fogo no carro do
alemão...E ainda chamam ao Raikonnen de Ice Man...Quanto
ao "trator na pista" continuo com meu ponto de vista:
idiotice! Incompatível com o estágio atual da
categoria. E não vai ser porquê lá fizeram
a mesma coisa que no Brasil, que o Brasil passará a
estar menos errado...Mas, antes de mais alguma defesa com
argumentos pífios, admito que a culpa não é
da máquina nem do operador... Há poucas semanas,
numa prova de kart no Rio, que teve "uma direção
de prova confusa", ao proclamarem o Diretor da Prova
como o culpado, um "irreverente, porém sábio,
mandou a seguinte sentença": "Discordo! O
Diretor de Prova não é o culpado. O culpado
é quem o chamou para fazer a Direção
de Prova". Sarcástico, porém preciso!
Brasileiro
de Rallye de Velocidade; "mandou mal, uai!"
Os mineiros são muito legais. Porém, seus rallyes
não são tão legais quanto eles. Em 2001,
a prova de Uberlândia acabou "eleita" a pior
do ano...Ano passado houve alguns problemas...Mas, pelo que
já fui informado, a deste ano "extrapolou".
Menos da metade da prova foi transcorrida...Acidentes diversos,
segurança medíocre, problemas de organização
aos montes...Esta na hora de algumas pessoas da CBA avaliarem
o risco de se comprometer à ascensão do rallye
de velocidade em troca de "atendimento político";
"troca de interesses políticos ou ouros quaisquer
que não o do próprio rallye". Em Minas,
poucos pilotos locais "prestigiam" a prova do brasileiro.
Sempre é assim! O "povo" não está
muito aí...Chegar ao cúmulo de jogar uma pedra,
isto não é no sentido figurado, contra o pára-brisas
de um carro de competição, em velocidade dentro
de um "super-prime" comemorativo da prova, e mais
ainda de um piloto mineiro é muito além do que
se pode conceber como fruto da ignorância de um só...É
expor tripulações, patrocinadores e o próprio
público a situações contraproducentes.
O rallye de velocidade "vai bem, obrigado" e não
precisa passar por situações como estas num
lugar que está fora da principal "região
rallyzeira", que é a Sul. Isto, por enquanto,
só custou dinheiro e transtorno às equipes e
seus patrocinadores. È melhor que pare por aí,
antes que alguém se machuque. Pelo número de
carros que ficaram fora da prova, refiro-me aos "tocados
por tripulações competentes" dá
até "arrepio" de pensar no que rolou por
lá...Uma pena! Já em 2001 tripulações
experientes já se mostravam reticentes quanto a disputar
provas naquele Estado...Embora tenha obtido um excelente resultado
naquela prova, não me furtei a corroborar com aqueles
que a consideraram a pior daquele ano. Nestas 3 últimas
edições, isto só tem sido ratificado.
Infelizmente! Além da colocação feita
ao final do item anterior pelo "irreverente, porém
sábio, kartista", seria de bom alvitre que os
organizadores e o pessoal da CBA lesse Sun Tzu. Mais especificamente
a passagem em que o "maior amigo do General descumpre
a ordem de não incomodar à população
local e retira o chapéu de um deles. O General, com
lágrimas nos olhos, porém firme, executa a sentença
de decapitação do amigo. Porém, antes,
diz a ele que justo dele tal fato jamais seria admissível
sob pena de perder o controle sobre os demais. Como seu amigo-
do General- lhe caberia maior esmero que aos demais no cumprimento
do dever"!
Motovelocidade:
"Valeu, Barros!"
O terceiro lugar obtido por Alex Barros no GP da França
pode até parecer pouco. Porém, diante da inferioridade
de potência da Yamaha perante as Hondas e às
recém-chegadas Ducatti é muito. Não foi
à toa que o Chefe de Equipe declarou aos 4 ventos que
estava muito contente com o resultado e com a "volta
de Barros a sua melhor forma física..." Olha que
Alex ainda não está recuperado de todo...Sete
Gibernau é que colocou a "faca entre os dentes"
e mais uma vez "se engalfinhou" com Rossi...Olé!
500 Milhas de Indianápolis: Trilegal!Só faltou
a TV!
As redes de TV brasileiras perderam a oportunidade de registrar
o que muito provavelmente será por muito tempo o maior
feito do automobilismo brasileiro num evento individual. O
maior evento de um dia do mundo esportivo: as 500 milhas de
Indianápolis teve 3 brasileiros nas 3 primeiras colocações.
Mais: o vencedor, Gil de Ferran, chegou com apenas 3 décimos
de vantagem para Hélio Castro Neves. Tony Kanaan foi
o terceiro. Mais de meio milhão de pessoas estavam
nas arquibancadas!
Durante toda a manhã da prova, os canais internacionais
falavam sobre a possibilidade de Hélio tornar-se o
único piloto na história da prova a conquistar
3 vitórias consecutivas...Faltaram só 3.1 décimos...Tony
Kanaan assumiu a liderança do campeonato e Hélio
está em segundo.
A IRL vai bem! A receita tradicional do automobilismo americano,
que havia sido modificada pela CART há alguns anos
e foi retomada pela IRL, sem muita sofisticação
técnica e grande acessibilidade, mostrou-se a mais
acertada, a que traz maiores emoções ao público
e maiores de chances de evitar a mesmice.
Até reconheço que é difícil manter
o espectador brasileiro diante da TV por quase 3 horas consecutivas
de provas. Mas, a cobertura da aproximação da
prova, quase nula, e a não exibição de
um compacto imediatamente depois, mostrou-se uma grande bobeada.
Afinal, durante alguns anos nós víamos as provas,
mesmo quando os brasileiros ainda não estavam fazendo
sucesso na IRL - faziam sucesso na CART- e agora que estão
bem, há dois anos, nada aparece. Uma pena!
Nelson
Piquet começa a vencer na Europa, de novo
O título permite dupla ou tripla interpretação
propositadamente. Afinal, há dois Nelsons.
Há duas semanas a mídia dava conta da primeira
vitória de Nelsinho Piquet na F-3 Inglesa. Cético,
logo após um final de semana ruim dele, cheguei a pensar
que a vitória tivesse sido obtida em um campeonato
secundário e divulgada aqui com grande estardalhaço
de marketing. Uma estratégia muito comum nos anos 80
e que ajudou a muitos pilotos brasileiros na F-Ford e na própria
F-3. Havia vários campeonatos e todos na Inglaterra.
BP, Towsend Thorensen e outros que permitiam até dizer
que havia o "britânico e o inglês".
Principalmente, por não ter visto o nome de alguns
dos favoritos ao título dentre os classificados, confesso
que esperei para averiguar a "validade do resultado".
Porém, eu estava errado e ...certo também..
A prova foi do campeonato principal, e, atualmente acho que
único, disputada na Escócia. Ontem, foi em Silverstone
que Nelsinho conseguiu sua segunda vitória já
na primeira temporada com equipe própria. O garoto
vai se firmando e na medida em que comece a repetir os circuitos,
as vitórias deveram aumentar rapidamente. Para a prova
de hoje, no mesmo circuito, ele larga na pole. Mesma posição
em que largou ontem. Mas, o maior vencedor tem sido o Nelson
Piquet pai. Já escrevi diversas vezes que a programação
montada por ele para a carreira de seu filho é a mais
inteligente e própria para formar um campeão
de F-1 e não apenas mais um piloto a chegar na F-1.
É só olhar as colunas anteriores, quando falo
do menino, há dois anos. Fora a "pose de b..",
que é mais insuportável que a de seu pai na
mesma fase da carreira, não há o que se criticar.
O garoto tem talento e só com tempo de assento chegará
ao ponto ideal. Mas, este será um campeão de
F-1, dentro de uma seqüência normal da vida. Assim
como Alonso e Raikonnen. A cara e pose de "b..."
até faz parte da performance de alguns campeões
de F-1, e dos campeões "a gente acaba tendo que
engolir", pois "depois eles tendem a voltar a ser
gente"... Fica como sendo efeito da pressão para
chegar ao título...Mas, colocar uma estrutura própria
num campeonato de F-3 na Inglaterra é algo que só
um campeão, com sua antevisão das coisas, poderia
levar a efeito com tamanho sucesso. Durante dois anos, Nelson,
pai, ia a Europa, trocava informações com o
pessoal e trazia para cá as manhas dos ajustes a serem
feitos. Ele mesmo dava o "tapa" final no carro do
menino. E foi um "massacre" durante o campeonato
do ano passado. Ao mesmo tempo, aperfeiçoou a equipe
técnica. Proporcionou a todos, piloto e técnicos,
o convívio quase diário com o limite do equipamento.
Foram dias e dias de treinos exclusivos no Autódromo
de Brasília. Tornou-se quase "segunda natureza".
Agora, a equipe cumpre o aprendizado dos circuitos britânicos,
quando estes começarem a ser repetidos, os dados obtidos
na "primeira passagem" deverão proporcionar
muitas outras vitórias. Porém, os fatos mais
importantes são:
· Piquet pai não ficou na dependência
de equipes inglesas que além de custarem uma pequena
fortuna, não dão exclusividade a um piloto e
tendem, infelizmente esta é a verdade, a privilegiar
aos que pagam mais dentro da estrutura. Um problema comum
a muitas categorias e que levam pessoas como Afonso Giaffone
a declarações fortes, sobre o que muitos sabem
e poucos ousam fazer abertamente, que, por exemplo, o kartismo
nacional transformou-se num engodo, no qual alguns "endinheirados"
conseguem comprar equipamentos "diferenciados" e
que só temos uns 4 ou 5 preparadores que fazem parte
da "máfia" que abre as portas para a aquisição
destes equipamentos e também privilegiam àqueles
que pagam mais em suas estruturas. Vou reproduzir o texto
no item seguinte
Foi disso que Piquet pai, livrou seu
filho, seus patrocinadores e a si mesmo. Se vai fazer o mesmo
com os que vierem depois, caso ele mantenha a estrutura aqui
e no exterior, só o tempo dirá. Mas, livrando
o filho destas condições desfavoráveis,
ele disponibiliza verba para que o menino "gaste pneus",
obteve a "lealdade" de uma equipe técnica
que só tem compromisso com os resultados de Nelsinho
e já está colhendo os frutos.Pois, todos os
que estão "lá" só têm
uma coisa em mente: obter vitórias com Nelsinho. Uma
grande e correta decisão que, tenho certeza, renderá
enormes frutos a todos eles e, por conseqüência,
ao automobilismo nacional.
· Pode estar sendo aberta um canal consistente para
alguns pilotos nacionais daqui a alguns anos, talvez mais
um ou dois, saibam a quem devem procurar na hora de chegar
na F-3. O primeiro candidato natural seria Xandinho Negrão.
· Os custos da F-3, para os pilotos brasileiros, pode
até diminuir diante do sucesso do concorrente nacional
frente aos locais.
· Sonhando mais alto, um canal até com uma equipe
de F-1, pelo menos para "pilotos de testes".
· Uma equipe de F-1 dirigida por Piquet, pode até
parecer absurdo, mas se Eddie Jordan conseguiu, por que não
Piquet pai...É sonho, mas não é de todo
impossível.
Agora é só tomar cuidado para não se
contaminarem pela urgência que a TV nacional tem de
um novo campeão brasileiro de F-1 e continuar fazendo
as coisas no tempo certo. Nelsinho não é um
piloto que reúne os elementos para "chegar à
F-1" e sim para ser "campeão de F-1".
Logo, não deve ser "queimado" antes do tempo.
O Nelson pai tem sabido como lidar com estas coisas...Mas,
como "pai é pai", às vezes pode ser
útil o "toque"...
Graças a Deus: Não estou "sozinho no mundo"
Ao longo de minha carreira esportiva, manifestei várias
idéias que foram aproveitadas pelos outros mais do
que por mim mesmo. Até hoje, nenhum dos que se aproveitaram
delas ao menos agradeceu e muitos deles "assumiram para
si a autoria das mesmas". Porém, como todas elas
visavam ao benefício do esporte realmente e raramente
dos desportistas isoladamente, ou seja, das categorias "permanentes"
e não deste ou daquele piloto "transitório"
sempre fiquei contente e, de certa forma, parcialmente realizado
ao vê-las implementadas e dando resultados. Sem fazer
nenhum exercício de automassagem de ego ou de vaidade
vou citar algumas delas mais adiante, mas de imediato, vou
me ater ao kartismo, pois este é um dos pontos mais
sensíveis, se não o mais sensível, da
carreira de todos os que pensam seriamente em fazer automobilismo
"de pista".
Desde 1998 me manifestei diversas vezes sobre o quanto e como
"estava indo mal a coisa". Em entrevista concedida
ao Caderno de Esportes do Diário de Petrópolis,
por exemplo, manifestei o engodo que era ser "piloto
de fábrica de kart". O "cargo" demandava
um investimento do piloto e seu patrocinador para desenvolver
o equipamento e a marca dos outros em troca de um "diferencial"
ao qual os demais "clientes" não teriam acesso.
O mesmo se prestava a motores. Ou seja, o fabricante ao invés
de investir num piloto para desenvolver o equipamento e depois
repassar a todos os clientes da marca, exigia um tremendo
investimento do piloto, exigindo que ele contratasse esse
ou aquele preparador que custava muito acima da média,
para repassar o obtido entre os pilotos que "tivessem
grana para usarem o macacão oficial da marca".
Quase fui escorraçado pelos "privilegiados".
Agora, finalmente, alguém com muito mais respaldo do
que eu vem à mídia e declara abertamente o engodo
em que se transformou o kartismo nacional. Segue a parte do
texto da entrevista de Afonso Giaffone `a edição
119 da Revista Racing, pág 10, pergunta 3: " Mas
o que é mais prejudicial é que essa garotada
nova, hoje, vem de um kart totalmente prostituído.
O kart é o maior engodo que nós temos. È
uma máfia de quatro ou cinco preparadores, de fabricantes.
Então o pai que tem dinheiro compra um equipamento
que ninguém tem e ganha a corrida. Aí o piloto
é isso, e aquilo. E não é porcaria nenhuma."
Quem tiver "currículo" e seja isento que
discuta com ele!!
Mas, dentre as idéias que defendi e algumas vi implementadas,
destaco:
1990/91, época em que trabalhei junto ao pessoal de
marketing da "De Souza Competições",
responsável pelo Marketing da F-3, por cuja sede muitos
pilotos e organizadores passavam quase diariamente :
· Stock Cars: num rápido "bate papo"
com Toninho de Souza e, não me lembro se o organizador
da categoria à época ou se era o Ingo Hoffmann,
coloquei que "os números dos carros deveriam estar
sobre a capota, grandes, como nas categorias americanas e
que os pilotos não deveriam mudar os" seus"
números de uma temporada para a outra. Pois, carros
de turismo não permitiam a visualização
dos capacetes e como os nomes eram colocados num espaço
mínimo dos carros não havia como "fixar"
na mente dos fãs, consumidores potenciais, o vínculo
entre piloto do carro número tal, seus patrocinadores,
etc. Assim como acontece no kart, muitos dos que vão
ao circuito gravam o "piloto do carro tal". Logo
depois, Ingo forçou a barra para continuar com "seu
número 17' ao invés do número 1"
e, até recentemente, as equipes vinham mantendo "seus
números" ao invés de usar a classificação
no campeonato anterior. Aperfeiçoou-se a idéia
com a colocação do nome do piloto em letras
grandes no pára-brisas do lado do "inexistente"
carona.
· André Ribeiro: Na mesma época, dei
carona da Escola de Pilotagem Interlagos para o Autódromo
a este ex-piloto. Naqueles tempos, "dava pena de ver
o cara". Tinha "perdido" o seu carro de F-3
para a equipe "por falta de grana", a namorada,
enfim, "o cara tava por baixo". Num rápido
papo, afinal quando estava por baixo o cara era "acessível
aos mortais", disse-lhe que com, se não estou
enganado, 26 anos ele não teria mais o que fazer na
Europa e que deveria ir para os Estados Unidos. A interrupção
por parte dele foi imediata com a seguinte pergunta: "O
que é que eu vou fazer lá?" . Resposta:
"O Emerson acabou de ganhar as 500 Milhas e assim como
aconteceu na Europa vai ser aberto um caminho novo. Quem chegar
primeiro vai levar vantagem". E continuei, "você
é um cara bem relacionado e bem apessoado. Você
tem é que arrumar "alguém para te vender",
um empresário- na época, eu tentei sem sucesso
contato com o pessoal do Luciano do Valle, para "me vender",
jamais fui "ouvido" pelo pessoal da Luqui ou Luque...-
que tenha contato com boas empresas que tenham interesse aqui
e lá. Resultado: o cara conseguiu o tal empresário
a ponto de conseguir algo jamais visto: ir para a Europa no
meio de um campeonato de F-3, no qual não tinha a menor
chance de disputar o título, deu um tremendo retorno
na TV em programa em horário nobre de domingo e o resto,
ou quase todo o resto, todo mundo viu. André aperfeiçoou-se
no contato com a mídia e obteve um grande sucesso como
piloto, não vou entrar no mérito técnico
que muitos usam para tentar denegrir a carreira dele e decolou.
Só que como "gente" o cara depois pisou na
bola comigo quando nos encontramos na prova da Indy no Rio,
e não vu entrar em detalhes. "Os caras esquecem
fácil quando estão por cima..."
· Stock car nos USA: pelo que tenho notícia,
fui o primeiro sul-americano a conseguir "penetrar"
no mundo das corridas de Stock nos USA, através de
campeonatos de Late Model, uma das diversas categorias, na
Flórida em 1999. Pelas mãos de Stuart Lycett,
da Lycett Motorsport, depois de ter sido um dos "julgadores"
que tinham dado o parecer que eu era o piloto a ser aproveitado,
ao me ver guiando um F-2000 no oval de Lakeland durante uma
"sessão de testes seletiva" para um "campeonato
que ocorreria" no ano seguinte. Fiz algumas provas nas
quais consegui resultados expressivos que mantém o
"lugar em aberto pra mim no dia em que eu conseguir patrocínio".
Na classificação para a prova no Orlando Speedworld,
chegamos a ser convidados por um promotor de uma séria
de grande prestígio, a SARA, para participarmos de
provas. Mas, "a grana não deu e não pintou
mais". Eu, na minha ainda existente ingenuidade fui "trapaceado"
num "jogo de cena" em que o "promotor",
um inglês "fdp", desculpem, mas não
há outro termo, visava somente "pinçar"
um apaziguado de um "piloto de destaque" da IRL.
Mas, como eu havia sido o mais rápido em todas as sessões,
contra pilotos com muito mais experiência, e ainda tinha
demonstrado maior sensibilidade sobre o funcionamento do carro,
Stuart "visualizou" a chance de lançar um
não americano no circo da Stock. Trabalhamos muito
em cima de patrocínios e conseguimos o apoio, caso
tivéssemos a grana, de gente importante, como Joe Nemechek,
atualmente na NASCAR Winston Cup e um construtor de chassis...Mas,
o "ingênuo aqui", caiu na besteira de procurar
contato em Miami com empresas brasileiras, até que
chegou a almoçar com o "empresário"
de Christian Fittipaldi, Sr. Fernando Paiva. Até obter
a proposta redigida por Stuart, o "cara era só
esperança e interesse". Depois, com a proposta
na mão, o cara mudou e disse que não podia fazer
nada por mim. Ainda houve uma outra tentativa de aproximação
dos Fittipaldi, sem sucesso. Ao retornar à sede da
equipe, jamais esquecerei, Stuart ficou furioso comigo e sentenciou:
"Por que você acha que o Roger Penske se associou
ao Ribeiro, no Brasil, e não ao Fittipaldi. O cara
não tomou o leite quando venceu em Indianápolis..."
Não precisava falar mais nada! Hoje, Christian tem
um contrato com a Petty e "trilha" o caminho, árduo,
muito árduo, rumo à Winston Cup, enquanto eu
escrevo para os leitores...
Parodiando o "assim caminha a humanidade", assim
perdi a ingenuidade, porém, não perdi a fé
e a esperança.
· Rallye de Velocidade: desde meados de 2001 defendo
a necessidade de que seja "mantida a sintonia com o mercado
consumidor interno a despeito dos avanços tecnológicos
dos carros de competição do WRC". Ou seja,
que a A8 e a N4 ainda não representavam um segmento
expressivo no mercado interno e que a divulgação
de uma classificação geral feria a essência
do rallye, etc, etc"...Nesta temporada o Brasileiro de
Rallye coloca mais de 30 carros na categoria A6, que é
a mesma faixa de produto que conseguiu redução
de IPI e lidera as vendas..."
Por
hoje chega! A partir da próxima coluna, vou colocando
aos poucos o que ainda precisa ser aperfeiçoado para
o futuro...Ainda tenho muito mais idéias, projetos,
etc a implementar.
Ufa! Até a próxima!
As
opiniões desta coluna são de responsabilidade exclusiva
do autor
Cacá Rabello
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