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Me engana que eu gosto!

A contestação sistemática ao novo regulamento da F-1 por parte do Ron Dennis só pode ser fruto de duas situações: cortina de fumaça para que não lhe tirem a vantagem estratégica que lhe foi outorgada pelo novo regulamento e/ou, desculpem a redundância, oposição sistemática ao poder de Max Mosley e Bernie Ecclestone.
Os resultados obtidos por Coulthard e Raikonnen ( que deveria ter sido o vencedor das duas provas) são a conseqüência natural do "perfil de performance" dos pneus Michelin. Há pouco tempo, a McLaren rompeu o acordo com a Bridgestone para não ficar sujeita aos mesmos compostos fornecidos à Ferrari e, como Dennis alegava, "calçavam" melhor os carros da equipe de Maranello. Durante a temporada passada, por diversas vezes, os especialistas declararam que os Michelin tinham excelente desempenho após a oitava volta e que duravam mais que os Bridgestone. O problema residia, então, em conseguir anular a esmagadora vantagem que estes possuíam sobre aqueles nas primeiras voltas. Como todos "partiam" com uma variação de "abastecimento" menor que as possíveis diante do atual regulamento raciocinava-se, regra geral, com dois ou três pit-stop. Raras exceções, era possível falar em apenas um. Assim, a cada 1/3 de prova era possível à Ferrari obter uma diferença tão grande que se podia dar ao luxo de parar uma vez a mais que seus adversários, recuperando ou até ampliando a vantagem. No entanto, ressalte-se que a Ferrari sempre apresentava o maior desgaste de pneus, principalmente dianteiros. Com o novo regulamento, pelo menos nas duas primeiras provas, a diferença da relação entre peso ( combustível)- performance se ampliou de tal maneira que, por exemplo, foi possível à Renault obter uma pole-position, com Fernando Alonso, que quase ninguém acreditava que se pudesse converter em vitória em condições normais. Como, aliás, ficou provado. Ninguém sabe ao certo, pelo menos até se completarem 5 ou 6 voltas o que cada um "deve" estar carregando no tanque, salvo as "aberrações" em treinos de classificação, e, por conseguinte, 1,5 segundo em treino pode "não ser nada relevante" na realidade "da prova".
Mas, retornando ao mais expressivo, ficou claro que na primeira prova a Ferrari partiu para uma estratégia de "mínimo combustível para fazer ser a mais rápida no treino" e fazer 2 pits...Dançou! A McLaren conseguiu um rendimento excepcional, principalmente considerando os tempos obtidos por Raikonnen (que pouco antes do seu abastecimento, que foi o último entre os que estavam na pista, ainda fazia voltas rapidíssimas e constantes). Na segunda em Sepang, a Ferrari abriu mão da pole para "ficar" mais tempo na pista...Porém, segundo o próprio Barrichello, a equipe preferiu assegurar o posto a partir para a briga direta com Raikonnen. Note-se que o Renault de Alonso, terceiro colocado, também usa os Michelin e a sua proximidade definiu a ordem da Ferrari...
Logo, o "palavrório" de Ron Dennis deverá se resumir a algo abstrato, genérico e pouco incisivo na próxima reunião sobre o regulamento atual...Ele deverá falar que o sistema de classificação diminui o tempo de exposição de seus patrocinadores e por isso a FIA deverá rever o montante distribuído às equipes grandes; que "medidas de fiscalização mais eficazes devem ser implementadas para evitar que "outras" equipes burlem o objetivo do parque fechado, e assim por diante...Mas, mudar o regulamento, voltando ao que era antes, duvido!
Apesar de continuar creditando à Ferrari a condição de mais rápida "em tiros curtos", ela e a Bridgestone têm um árduo trabalho pela frente se quiserem reverter este predomínio da McLaren e anular a ameaça que, mantidas as atuais condições, poderão ser representadas pela Renault e Williams.
Ressalvo que Michael Schumacher tem dado um verdadeiro espetáculo de performance e profissionalismo. Porém, nem mesmo o talento e empenho do alemão podem anular a vantagem que o novo regulamento proporciona àqueles que estão usando os Michelin. Sendo que a situação se agrava particularmente quando se considera o potencial de Raikonnen. Já escrevi antes e ora reitero: Raikonnen é, dentre todos os "desafiantes", aquele em quem aposto todas as minhas fichas como futuro campeão mundial. No confronto direto com Schumacher, em pelo menos duas oportunidades, uma no ano passado, outra neste ano, que não "afina" e que tem absoluto domínio do seu carro. Ano passado, se não estou enganado foi na França, o finlandês passou em cima do óleo...O alemão passou, porém, Raikonnen não rodou ou perdeu o carro. Nem mesmo saiu da pista...Na deste ano, deu um chega pra lá e foi embora...Ele é muito mais estável e competitivo que Coulthard. Fora estes dois, só Barrichello se o alemão quebrar ou chegar de sexto pra lá em mais duas ou três provas...Montoya, reitero, tem muito o que aprender! Ralf está "viajando" muito. Ambos "fora do foco" necessário para ser campeão!
Mas, para terminar, aqueles mais empolgados que tiraram por base apenas a primeira prova da temporada para emitir um parecer sobre o retorno da competitividade às provas, devem estar, como diz o anúncio, "revendo os seus conceitos". A prova da Austrália foi atípica e a da Malásia uma repetição das provas onde se espera que tudo seja decidido na estratégia de boxes...Eu prefiro esperar mais uma ou duas provas para ver o que "aconteceu" em diferentes tipos de traçado...Na Austrália, pista de média, com poucas retas reais, choveu, teve Safety Car...Na Malásia, fora o vai e vem dos boxes, não vi nada que resultasse em ultrapassagem que pudesse ser classificado como relevante...

Por falar em Michelin...
No Mundial de Rallye FIA, o WRC, ou Mundial de Rallye de Velocidade, a superioridade da marca francesa sobre suas rivais é esmagadora...São 46 "especiais" vencidas contra 3 da Pirelli...
Quanto aos pilotos, Burns e McRae (este uma tremenda surpresa!) vêm investindo na regularidade e consistência. Ocupam as duas primeiras colocações da tabela sem terem vencido qualquer das 3 provas até agora disputadas e com esporádicas vitórias em "especiais". Já Gronholm, o campeão, não está conseguindo a mesma regularidade do ano passado. Mas, é o que tem mais vitórias em "especiais" na temporada...Uma "esmagadora" vantagem em "especiais"...Como estas não contam pontos, vai ter que se recuperar rapidamente sob pena de ver Burns, McRae e Sainz começarem a administrar resultados e se manterem à frente até o final do campeonato...Com o novo sistema de pontuação não se pode bobear...

Brasileiro de Rallye de Velocidade
Começou neste final de semana, em Santa Catarina, um Brasileiro de Rallye que deverá entrar para história.


As opiniões desta coluna são de responsabilidade exclusiva do autor Cacá Rabello


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Cacá Rabello é piloto profissional
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