Já
há algum tempo que venho reiterando que Rubens Barrichello
está, finalmente, demonstrando a robutez mental,emocional
e psicológica bem como forma técnica e física
para encarar sua posição dentro da Ferrari e diante
do próprio Michael Schumacher.
Não vou me ater muito a detalhes,como a largada perfeita
e o oportunismo na ultrapassagem que se seguiu. Mas sim em momentos
atípicos e que dizem muito como aquele em que, pela segunda
vez, em poucas provas, o alemão Michael Schumacher foi
obrigado a deixar de lado "a zona de conforto" e acabou
rodando na tentativa de igualar o ritmo imposto por Barrichello.
Seja numa classificação ou corrida, fora a cópia
dos acertos do carro de Rubens para conseguir melhorar sua posição
no grid. Seja qual for o argumento, perda de pressão
aerodinâmica, perda de concentração, etc...O
que vale é que ele acabou errando ao buscar algo a mais
de si mesmo. O que não é comum!
Também, prova que ele já está sendo obrigado
a buscar novos limites pessoais que não são mais
tão fáceis de alcançar.Quanto a colocar
a coisa de não ter sido ordenada uma inversão
de posições como "reparação
da lambança do GP da Áustria", como escreveram
alguns, vai uma grande distância.
Claro que toda aquela repercussão negativa influencia
a tomada de uma nova decisão do gênero, porém,
diante do desenrolar do próprio campeonato o cenário
vai se definindo por si mesmo, de forma totalmente distinta
daquele da Áustria, e, facilitando as coisas de forma
a que o ocorrido na Áustria não tenha que se repetir
mesmo. Vamos às principais diferenças:
1. No momento da decisão na Áustria havia uma
disputa direta entre Michael Schumacher, líder do campeonato
com 44 pontos, e Montoya,com 25, na pista. Não houve
disputa direta entre Michael e nenhum de seus perseguidores
diretos na tabela de pontuação em Nurbugring.
2. Michael chegou ao GP da Europa com 66 pontos contra 31 de
Ralf e que após sua parada ficou na Quinta posição
enquanto Michael continuava em segundo.
3. A Williams somente suporta o esforço da classificação,
deixando claro que ainda não é capaz de, em condições
normais, acompanhar a Ferrai nas provas. Neste GP isto era colocado
"abertamente" pela própria equipe Williams;
4. Desde Mônaco a força ascendente é a McLaren,
enquanto a Williams deu uma "estabilizada". Porém,
quando não faz das suas, Coulthard é "colhido
pela má sorte". Num momento quebra o equipamento.
No outro alguém, como o colombiano Montoya, faz uma verdadeira
lambança;
5. A disputa interna da Williams facilita as coisas para a Ferrari;
6. A Ferrari é mais capaz na tomada de decisões
e estratégia para as provas. A diferença que colocaram
sobre os adversários foi esmagadora. Um segundo e meio
por volta até a primeira parada...Não dá
para comparar!! Além disso, o estado dos pneus das Williams
no momento da troca de Ralf era de total deterioação...Era
visível até pela TV. Portanto, ficou claro que
não dava nem para tentar com aquela estratégia.
Porém, pode-se subentender que o objetivo da Williams
era o de terminar a prova e não de tentar a vitória.
Uma espécie de disputa com a ascendente McLaren, deixando
as Ferrari irem embora.
7. O cenário que se desenvolveu após a rodada
de Schumacher não permite dizer, a partir de então,
quem poderia ter feito o que. A decisão veio pelo rádio
e ambos mantiveram um ritmo e uma distância seguros durante
todo o " segundo tempo" da prova.
Mas,
voltando a somente os fatos do GP, destaco:
1. Não entendi o que Montoya quis fazer ao disputar a
posição com Coulthard, uma volta antes de sua
parada prevista, com os pneus naquele estado. Não bastasse,
a tomada antecipada que o levou a tocar na zebra por dentro
e rodar foi típica de quem não fez a devida preparação
para a prova. Típico de quem perdeu a referência
da "tomada" quando Coulthard colocou o carro do lado
em que estaria numa volta sozinho. Nem mesmo na largada fez
direito, pois "quase faltou pista na saída e ele
quase colocou Ralf para fora". A capacidade do colombiano
em andar rápido quando está treinando é
inegável. Porém, não vejo a preparação
devida e o condicionamento mental, emocional e psicológico
para as provas. É inconstante! Reitero, está mais
para Mansell do que para os verdadeiros gênios da F-1.
Dizer que rodou por que estava " com os pneus no fim"...Será
que ele vinha tão perdido que não sentiu que ele
"mordeu a zebra" e daí perdeu o carro? Se for
assim: Cuidado com ele!
2. Raikkonnen está se firmando. Fez excelente prova.
A atitude de tirar do vácuo de Coulthard, "empurrando-o'
para cima de Montoya, mantendo a pressão e de "assistir
de camarote" o previsível desfecho da disputa foi
uma atitude de um piloto que está amadurecendo muito
rápido dentro da própria McLaren e que definitivamente
ameaça a posição de Coulthard dentro da
equipe.
3. Coulthard não tem "estrela de campeão".
Raras vezes consegue andar e terminar com um bom resultado.
;
4. Massa fez uma boa prova, porém, deixou claro que estava
ultrapassando seu limite pessoal na disputa com o companheiro
de equipe. Obviamente, o alemão Heidfeld, que ao que
tudo indica estará mudando de equipe no final do ano
e não iria tomar nenhuma atitude que colocasse em risco
o respeito que tem dos demais chefes de equipe e do próprio
Peter Sauber. Para aqueles que viram o Christian Fittipaldi
dar um loop na bandeirada do GP de Monza, batendo na traseira
do companheiro de equipe, disputando, se não estou enganado,a
sétima posição, que assim como hoje não
vale nenhum ponto, não preciso dizer mais nada. Só
para informar ou lembrar, o Christian não teve mais lugar
na F-1 a partir de então;
5. Bernoldi deverá mesmo engrossar a fila dos pilotos
brasileiros sem cockpit. Apesar das limitações
do carro e de um desempenho até razoável, suas
declarações sobre a equipe foram extremamente
"pouco profissionais" e duvido que alguma equipe demonstre
interesse em tê-lo até mesmo como piloto de testes.
6. Houve algumas boas disputas na prova, embora, ainda, esporádicas
e curtas. Mas, valeu... Pelo menos aconteceu alguma coisa além
da monotonia de ver as Ferrari indo embora do restante do pessoal.
O sexto colocado " só" tomou uma volta....
7. Alex Yoong realmente está se tornando uma ameaça
considerável á segurança dos demais pilotos.
"Se" poderia apresentar alguma defesa ao rodar tanto
na pista, não pode apresentar nenhuma para a forma como
rodou na entrada dos boxes. A sorte foi que ele não voltou
para a pista justo num ponto de tangência. Poderia ter
provocado um acidente dos mais sérios e pela quase total
falta de domínio sobre o carro torna-se um passageiro
de um " vôo" com horário imprevisível
cujo destino todos conhecem mas não sabem se ele vai
"levar alguém junto".
8. Parabéns a Rubens Barrichello! Mas, foi difícil
associar o "Tema da Vitória " a ele, ainda
nesta prova. Ficou uma sensação de que o Ayrton
é que ia aparecer na tela...espero que ele vença
mais vezes para eu me acostumar.
9. O "ataque" de nervos, costumeiro do "narrador
oficial" parece estar fazendo escola e seu substituto também
tenta enfiar goela abaixo um monte de opiniões que não
se sustentam em fatos... o famoso "sensacionalismo barato".
Mas, tomara que o locutor oficial dê mais um tempo para
voltar à F-1. Quem sabe não é ele que seca
o Barrichello???
Até a próxima!
As
opiniões desta coluna são de responsabilidade exclusiva
do autor
Cacá Rabello