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7 - Os Sete Pecados Capitais... e óbvios!

Se confirmada a ainda extra-oficial retirada da equipe oficial de fábrica da Mitsubishi do Campeonato Brasileiro de Rallye de Velocidade nesta fase, quase no meio, do Campeonato diversos teremos a confirmação de um quadro que se delineia mais ou menos assim:

Dos Pecados

  1. A Equipe é atualmente a campeã da categoria N4 e está liderando o certame. Sua saída representa uma demonstração clara da falta de espírito competitivo de seus dirigentes, pois se fosse somente um problema financeiro isso já poderia ter sido decidido antes do início do campeonato e teria sido, no mínimo, mais polido.
  2. Guilherme Spinelli vem fazendo provas quase perfeitas e frustrar sua caminhada na disputa do título, mesmo considerando a árdua disputa a travar com seu companheiro de equipe Ulysses Bertholdo e o adversário da Subaru Édio Füchter, é algo que atinge não só a carreira deste profissional como também aos cariocas que têm em Spinelli o seu representante com maiores chances e status como piloto oficial de fábrica.
  3. A exemplo da Ferrari, a Mitsubishi do Brasil parece desconsiderar também que há um lado esportivo e que sua decisão também pode afetar os rumos de toda a categoria no que tange a sua credibilidade como opção de investimento em Marketing Esportivo junto aos patrocinadores e competidores potenciais.
  4. O fato de obter melhores resultados comerciais em seus investimentos nas pick ups de off-road não justifica tal comportamento diante daqueles que investiram como particulares no rallye e Velocidade comprando os EVOs da própria equipe oficial e de particulares e que sabem que terão que recorrer aos "hermanos" para satisfazer a tempo às necessidades de ressuprimento. Pois, se com uma equipe oficial de fábrica o tempo para atender aos pedidos dos particulares já era grande, diante desta situação, caso confirmada, deverá surtir um "abandono" destes particulares. Até mesmo por que a tendência é que estes tenham pedidos "fragmentados", "desordenados" e de "pequena quantidade" que não justifiquem maiores esforços da importadora que se comporta desta forma com sua equipe oficial.
  5. A "memória curta" poderá ser o único instrumento através do qual a Mitsubishi do Brasil possa reverter o impacto negativo em sua própria imagem dentro do Rallye e Velocidade e até da insegurança gerada junto aos seus clientes de off road que a exemplo dos de Velocidade, podem ver a saída da fábrica em meio a um campeonato, quanto mais de um ano para o outro.
  6. A falta de integração entre Planejamento de Objetivos de Marketing e Ações de Marketing Esportivo fica clara e não pode ser atribuída a qualquer outra equipe senão a responsável pelo Marketing da própria fábrica. Pois, dentro da ótica de um "Departamento de Competições", antes mesmo de ser dirigido pelo Sr. Wilson Fittipaldi, os resultados nas competições eram favoráveis. Ou seja, o que tinha que ser feito dentro da prova o foi. Se, faltou algo para que se explorasse melhor estes resultados para conversão em resultados expressivos de venda dos veículos que não são pick ups a falha está além das portas do "Departamento de Competições". Basta olhar para o cada vez mais destacado desempenho da SEAT neste aspecto que há, pelo menos 3 anos, deveria estar "fazendo escola" para as demais marcas que investem oficialmente ou não na categoria. Se, este exemplo ferir a vaidade de alguns por tratar-se de um concorrente do mesmo segmento de mercado, podemos nos valer de outros. Por exemplo: o das companhias aéreas que preferem optar por operar uma linha com prejuízo temporário, enquanto buscam atrativos para obter clientes, ao invés de ter que investir uma enormidade de recursos para recuperar sua imagem junto aos usuários desta mesma linha e de outras.
  7. A falta de visão dos organizadores e promotores para impedir que os custos atingissem, de forma "prematura", níveis estratosféricos que impedem quaisquer relações custo - benefício de atingir os níveis que os "adeptos da Lei de Gérson de algumas montadoras" almejam, ao mesmo tempo em que permitem que o evento se torne "refém" do apoio deles.

Do óbvio
Refiro-me ao óbvio como os diversos aspectos que foram amplamente discutidos durante reuniões no ano passado, no meio da temporada, e que por diversas razões deixaram de ser aplicados bem como àqueles que sugiro como soluções parciais ou totais para a correção do rumo do esporte. De certa forma, podemos dizer até que, em alguns casos, "o feitiço virou contra o feiticeiro e atingiu a todos, culpados e inocentes". MAS, O QUE IMPORTA É ADOTAR NO MENOR TEMPO POSSÍVEL AS MEDIDAS CORRETIVAS PARA O BEM EFETIVO, REAL E COMUM DO ESPORTE.

  1. A situação da divulgação de uma Classificação Geral em detrimento da divulgação exclusiva de resultados por categoria fere a base mercadológica do rallye de velocidade, qual seja, a de formar nichos de disputa de veículos de diferentes classes e grupos dentro do mesmo evento sem detrimento de quaisquer um deles. Basta lembrar que a categoria N2, antes do "surto de megalomania" que tomou de assalto o rallye de velocidade ainda no meio da temporada passada, foi a mais competitiva em número de veículos e em resultados, com 3 marcas distintas obtendo vitórias e maior número ainda de pilotos. Isso sem contar as especiais vencidas, isoladamente, em cada prova. Somente a N4 pôde inferir, na acirrada disputa de 2 ou 3 de seus concorrentes, em menor número que os da N2, à época, algo parecido. Embora, a disparidade entre os "4 carros de fábrica" e os demais fosse algo abissal. Assim, caso continue a insistir nesta formatação, os organizadores, que como eu já havia escrito anteriormente, já conseguiram que "o Vôo atrasasse", estarão decretando o "impedimento temporário", pelo menos por mais uma década, que a "decolagem" aconteça;
  2. As categorias que empregam veículos mais "identificados" com aqueles ao alcance da grande maioria dos consumidores finais são "por natureza" aquelas que permitirão às montadoras e importadoras obter melhor retorno ou contribuição marginal sobre vendas espontaneamente, ou seja, deixando de lado as demais ações publicitárias. Os "arroubos de megalomania tecnológica" somente se prestam à satisfação da vaidade de alguns. Basta parar e olhar o "estacionamento" nas especiais, no "time trial" cuja distorção, a título de "status", está convencionando chamar de "super prime" e nos Parques de Apoio. Quantos carros semelhantes aos da categoria N4 podem ser contados nestes locais? Quantos "semelhantes" aos das categorias A7/N3? A6/N2? A5/N1? Isso fala por si só quanto ao público alvo a ser trabalhado com maior esmero!
  3. A limitação proporcional dos itens não originais a serem permitidos é um caminho lógico para a redução dos custos e o que inicialmente permitirá o melhor resultado. Ou seja, a título de exemplo: as categorias N1, N2 e N3 utilizariam obrigatoriamente pneus radiais de série, limitados a no máximo 6 "selados" por prova, sendo permitido "selar" novamente até 2 da prova anterior. Só isso significa que se pode comprar 4 pneus de série, no mínimo, pelo preço de 1 especial para rallyes. Além de permitir maior liberdade de escolha e menor fragilidade às questões de variação cambial e de importação; às categorias A6, A7 e N4 seria permitido "selar" até 8 "novos" e 2 "usados" isto por carro. Isto é, no "lacre" ou "selo" teria que constar o número do carro, pois, há equipes com mais de um carro ou que podem "trabalhar em conjunto" em detrimento daqueles que trabalham sozinhos; os amortecedores das categorias N1, N2 e N3 teriam que ser nacionais e "originais retrabalhados". Apesar da discussão sobre a possível "economia na manutenção", não há dúvidas sobre as vantagens de acessibilidade e custo inicial. Isto sem falar no controle de um mapeamento eletrônico nas N1, 2 e 3 que demandariam outras medidas para sua implementação e controle ainda acima da capacidade técnica e tecnológica de atendimento por parte do "comissariado" de nossas provas.
  4. Calendário antecipado, no meio da atual temporada divulgar, com mínima chance de erro, ou seja, com alguma credibilidade, o das próximas duas temporadas, permitindo um "remanejamento", em conseqüência da primazia do sul-americano em até 15 dias pra lá ou pra cá. Melhor ainda, realizado totalmente fora da atual temporada. Quero dizer que, durante 12 meses são realizados 6 ou 7 eventos que, no formato atual, pressionam o caixa das equipes menores e particulares em determinados momentos decisivos e que ficam "ociosos" durante maior parte do tempo. Ratifico que o Campeonato Brasileiro precisa "buscar" espaço na mídia e que esta se encontra mais "disponível" fora das temporadas da F-1 e Indy. Ou seja, de Novembro a Março, poderiam ocorrer, no mínimo, 4 eventos, descontados "Carnaval", "Ano Novo", "Natal" e demais feriados, sem a concorrência direta das categorias maiores. Basta ver que o próprio Campeonato Mundial aproveita parte deste "espaço" no início da temporada. Até para a Televisão seria melhor, pois há espaço até para que, atualmente, se encaixe "reprises" de eventos da temporada anterior de outras categorias. È um questão de "criar" uma nova cultura mais saudável para o esporte e cujas vantagens de retorno permitiriam "uma rápida adaptação dos patrocinadores efetivos e potenciais". O "intervalo" seria aproveitado pelos regionais e, para os mais privilegiados, o sul-americano sem maiores preocupações. Ou seja, seria possível atender satisfatoriamente a "gregos e troianos". Vou até mais fundo...O Brasileiro poderia se tornar um atrativo a mais para cidades "de temporada" e para aquelas que "necessitam" de eventos em " temporadas". Isto poderia até permitir que despesas de transporte e de hotéis fossem "aliviadas"....È questão de trabalhar com os argumentos mais apropriados e com planejamento. Os regionais e o sul-americano também acabariam "agradecidos" assim como aquelas empresas interessadas em disputar o maior número de eventos sem descontinuidade...Dentre outras coisas, diluindo seu custo fixo numa relação unitária melhor, por prova disputada.
  5. "Reformatar" o próprio evento de forma a permitir que não ocorram tamanhos intervalos entre a passagem dos carros para o público. Isto é, fazer-se a prova de forma a que haja o mínimo intervalo entre a passagem do último carro numa especial e o primeiro da "repassagem". Para isto, seria necessário diminuir as diferentes especiais a serem disputadas num mesmo dia, repetindo-as até 3 vezes e no dia seguinte repetir a dose em outras especiais totalmente diferentes. Além da vantagem de não se perder público por este "tempo ocioso" e dificuldade de deslocamento, há outras questões relativas ao relacionamento com o público local e o respeito ao direito de ir e vir destes cidadãos que moram ao longo do percurso das provas. Esta questão última foi muito bem levantada pela "Lenda" Paulo Lemos durante o ano passado e se faz necessária. Outros aperfeiçoamentos, como o estabelecimento de "bolsões" de público com informações atualizadas em painéis com as colocações dos carros e demais medidas interativas ficam para o momento seguinte, quando não forem só um devaneio ou "surto megalomaníaco".
  6. O fortalecimento na mídia do "Campeonato por Equipes", como está proposto, independente de marca ou categoria, a fim de se atingir o também proposto objetivo de, através da união dos recursos dos menos abastados, viabilizar a divulgação de patrocinadores comuns a tais carros e uma "economia de escala" dos recursos dos competidores.
  7. Permitir a disputa das "copas monomarcas" dentro do campeonato, desde que isto signifique benefícios e "comprometimento" de curto, médio e longo prazos e, não somente, a "concessão a título de esmola" de "subsídios" na hora de comprar o carro. Esta receita, muitos de nós já conhecemos e somente atende aos "adeptos incondicionais da Lei de Gérson" que existem em todos os lados envolvidos.
  8. Impedir que o erro se aprofunde através da permissão para os carros da categoria A8 com menos do que 3 carros e principalmente, com a atual Classificação Geral, impedir que ela seja disputada independente do número de carros que se façam aparecer.
  9. Retomar a premiação por etapa junto à mídia e não está que soma resultados de duas provas no mesmo final de semana e que, no fundo, "privilegia os privilegiados" na hora de "partilhar" ( sonho meu..sonho meu...) os espaços de mídia entre as diferentes categorias.

Sendo assim, espero que depois de ter anunciado a "reprise" de "Big-Quero ser Grande", estar na expectativa de assistir à "7-Os Sete Pecados Capitais" conseguir contribuir para que não tenhamos que assistir também à "Casa do Espanto, parte 9734" ou "Sexta-feira 13, parte 25678...".
Para que não me rotulem apenas como crítico, mais uma vez apresento sugestões construtivas.
Tomara que tudo não passe de boato na Mitsubishi e que mesmo assim as medidas de correção de rumo sejam levadas a sério...Para evitarmos mais um "Titanic"...

Só coisa boa!?
O que está guiando o filho do seu Toninho!!!

O mineirinho Cristiano da Matta está guiando com uma categoria de fazer inveja a muito veterano.Principalmente nos circuitos mais difíceis. As duas últimas provas da CART foram um "show particular". Na câmera "on board" então é sensacional. Potência no momento exato. Freada perfeita. Contorno rápido sem correções. Uma constância herdada do Seu Toninho e que não toma conhecimento da pressão de quem vem atrás. Parabéns a Cristiano e Toninho da Matta.
Mas, em Portland, Bruno Junqueira também teve uma atuação próxima da perfeição. Pena que ainda não tenha adquirido a robusteza mental,psicológica e emocional da qual Cristiano tem tirado grande proveito sobre seus adversários.
Pena, também, que as medidas de correção dos erros cometidos nas últimas temporadas, diretamente ligados a custos e relacionamento com público e fornecedores, ainda não tenham surtido o efeito esperado. Em Portland, a categoria largou com somente 18 carros. Há algumas temporadas, nada menos do que 33 carros disputavam os locais disponíveis no grid. Enquanto isso a IRL vai de vento em popa.
           Quando olho estes dois assuntos de uma mesma coluna mais uma vez me lembro do "mestre" Nizan Guanaes..."è difícil convencer uma pessoa que está ganhando hoje que, se ela continuar fazendo as coisas do mesmo jeito, ela poderá perder amanhã ou, no máximo, depois de amanhã"..."Contra fatos não existem argumentos!"
Mas dá uma tremenda satisfação de ver Cristiano e Bruno nas duas primeiras colocações no campeonato!
Até a próxima!



As opiniões desta coluna são de responsabilidade exclusiva do autor Cacá Rabello



Cacá Rabello é piloto profissional
Saiba mais sobre sua carreira







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