Falar
da performance de Michael Schumacher seria chover no molhado...Portanto,
alemão à parte...Vamos aos demais!
Barrichello fez uma excelente prova. Desta vez, teve uma performance
digna de nota desde a classificação. Ficar a milésimos
do alemão já é um grande sinal de evolução
de sua performance. Pois, com o modelo novo o alemão
tem muitos mais Kms rodados do que Barrichello e, este, conseguiu
tirar proveito do equipamento, tendo inclusive acertado-o melhor
que o próprio Michael. Quanto a ter que trocar de carro
para a corrida, nada mais lógico dentro do contexto.
Sem devaneios ou paixões exacerbadas! O alemão
era o líder do campeonato com duas vitórias em
3 provas enquanto Barrichello estava sem um único ponto
no campeonato. Isto basta para fundamentar a decisão
da equipe! Se quiser insistir, pense quantos títulos
tem cada um e quanto vale cada um deles no mercado da F-1! Chega
né?! Na largada, era previsível que Barrichello
perdesse a segunda posição. Afinal, em Ímola,
ninguém, mas ninguém mesmo, passa naquele trecho
pelo lado em que Barrichello largou. Em outros circuitos passar
pelo lado não usado durante o warm up até
ajuda, senão largar forte na volta de apresentação.
Mas, em Imola é insuficiente. A diferença de mais
de 10 segundos entre o primeiro e o segundo treino livre, permite
especular sobre o quanto de areia, sujeira e falta de aderência
deve haver nos lugares não utilizados ou
fora do traçado ideal.
Foi uma corrida daquelas bem chatinhas... O erro na parada de
Barrichello nos pits não interferiu de nenhuma maneira
no resultado. Ele já estava muito atrás do alemão
e com uma performance muito superior á de Ralf.
Mas, o destaque maior desta prova foi negativo e se dirige a
Montoya. Dirigir da forma como o fez neste GP só permite
inferir duas coisas:
1-Ele se portou de forma péssima como profissional e
não se empenhou, ou;
2-Ele não tem capacidade ou maturidade de pensar enquanto
tem que acelerar...
Ou seja, ao invés da tão decantada genialidade
que às vezes tenta-se atribuir ao colombiano, ele estaria
mais para Nigel Mansell...Um Leão...Instintivo, feroz,
mas que não tem na inteligência e capacidade de
administração seus pontos mais fortes.
Minha opinião, no momento, e analisando diversas passagens
da carreira do colombiano ainda na F-Indy me levam a tender
mais para a segunda. Ou seja, se for para acelerar e não
pensar em nada ele vai...Se tiver que pensar aí a coisa
complica. Espero que seja assim mesmo, pois falta de empenho
de um piloto, na condição de Montoya, é
imperdoável para o público e, principalmente,
entre o pessoal da equipe...
Mais uma boa prova dos Renault, de Ralf Schumacher e de Massa.
Eu disse boa! O que andam estes motores da Renault é
coisa das mais sérias! Massa fez uma boa ultrapassagem,
porém, mais uma vez, tomou tempo do companheiro de equipe.
A Toyota pela primeira vez na temporada não conseguiu
um bom desempenho. Mas, como em circuitos mais rápidos
os pilotos pesam ainda mais, é preciso dar
um desconto para a equipe. Pena que nenhum brasileiro tenha
se lançado nesta equipe. A cada momento tal opção
se torna mais difícil. O quase esquecido francês
Stephane Sarrazin, ex-Prost, já está lá,
começou em Março, e tem tudo para ficar com a
vaga de McNish. A outra vaga ainda pode se abrir, mas, é
mais difícil. O projeto é muito bem nascido e
a equipe tem visão de resultados a longo prazo...
A choradeira da Williams não se justifica. Quando a equipe
começou com a suspensão ativa todo
mundo teve que engolir o seu domínio...Agora fica dizendo
que a Ferrari está usando um assoalho flexível...Se
tiver, pode escrever, o regulamento tem alguma brecha que permitiu
que eles assim o fizessem. Na realidade, o ciclo Ferrari
está amadurecendo. Foi assim com a McLaren, que agora
está mal das pernas, depois com a Williams, que só
agora está se reerguendo, já foi há muitos
anos da Lotus, que já acabou e assim foi feita a história
da categoria... Daqui por diante o que se pode esperar é
um Schumacher, Michael, cada vez mais tranqüilo, vencendo
ou administrando a vantagem que está consolidando já
nesta primeira parte do campeonato. Não quero colocar
a coisa na base do já ganhou, isto é temerário,
porém, dentro de uma perspectiva atual não vejo
quem possa tomar-lhe o título. Como ele mesmo colocou,
seu irmão pode até vencer algumas corridas desde
que ele fique com o título no final do ano.
Vamos esperar e ir vendo!
Mudanças
a caminho!
Atenção! A mudança nos caminhos da F-1
como campeonato é cada vez mais apenas uma questão
de tempo. O pessoal responsável pela administração
das equipes já tem um parecer quase de consenso
que não há como se manter o modelo atual sem o
patrocínio das fábricas de cigarro. Mais, a espiral
inflacionária, não só da F-1 como de qualquer
categoria, se contrapõe à real crise mundial.
Os índices de audiência, por maiores que sejam,
não representam consumo dos produtos dos patrocinadores
em iguais proporções...Portanto, a F-1 não
deixou de dar lucro, pelo contrário. Mas, com orçamentos
superiores a 200 milhões de dólares ao ano para
todas as equipes de ponta, fica impraticável conseguir
competitividade e prejudica em muito a relação
custo benefício dos médios e pequenos investidores
da F-1... Se for possível classificar assim tais patrocinadores
considerando o volume dos investimentos que realizam...
Fazer competição é fácil. Basta
colocar um piloto ao lado do outro. Não precisa nem de
carro...Bastam os egos. Mas, para atingir competitividade e
retorno para os investidores é preciso repensar o modelo
de gestão. Como as propostas feitas até agora
por Max Mosley são, no mínimo, insuficientes para
tornar a categoria mais atraente e competitiva. Podem vir a
ser implementadas sob o jugo da autoridade...Mas, se continuar
assim mais um ano, com certeza o Campeonato será bancado,
organizado, repartido, etc, exclusivamente pelos principais
construtores a partir de 2007 quando expira o contrato com Bernie
Ecclestone. O caso do direito exclusivo da transmissão
de TV, que o Sr. Ecclestone passou para os seus filhos e uma
empresa alemã, está atravessado na garganta de
muitos e ele ainda insiste em tentar colocar a F-1 sob o regime
de canais por assinatura no sistema pay per view...
O valor de um spot de qualquer tv emissora de sinal aberto é
muito maior do que o de TVs por assinatura. Simples: atinge
uma massa importante de espectadores, infinitamente superior
ao proporcionado pelas TVs por assinatura. Acho que a capacidade
de Ecclestone de transformar a F-1 no que é hoje, em
apenas vinte e poucos anos, agora já está beirando
a insanidade e a megalomania...Para não falar na grana...
Resumindo: Briga de cachorro grande!
O importante é recuperar da melhor maneira possível
um dos principais fatores que levou a categoria à situação
atual (custos exorbitantes e pouca competitividade): a obrigatoriedade
das equipes fabricarem seus próprios carros. A reabertura
da opção de equipes poderem comprar chassis e
motores de terceiros, pois já foi assim,
é o passo inicial e lógico. Não tenho devaneios
de que todos teriam equipamentos iguais, até no kart
quem paga mais ao fornecedor tem vantagem. Mas, a desvantagem
não seria tão gritante como é hoje. O motor
da Sauber, um Ferrari rebatizado, permite que a equipe ande
melhor do que muitas outras equipes do mesmo porte...Há
outras coisas que me parecem claras. Mas, vamos deixar para
outra edição!
GP
de Long Beach F- Mundial
A F-Mundial continua muito mais competitiva do que a F-1. Pena
que o circuito de Long Beach, após poucas voltas, reúna
tantos detritos fora da trilha ideal que não
permita que os pilotos tentem ultrapassar de forma decisiva.
Mas, houve muitas alternativas nos pits. Infelizmente, no caso
dos brasileiros, isto tenha significado a perda de uma vitória
que se desenhava com certa para Christiano da Matta. Elegante
e seguindo a cartilha do Marketing Esportivo americano, ele
não atribuiu culpa á Adrian Fernandes pelo comportamento,
no mínimo, precipitado e sim a uma falha de estratégia
da equipe ao escolher a posição nos pits. De fato,
após a colisão, da Matta ficou com o equipamento
prejudicado e ainda sofreu com a impossibilidade de ultrapassar
carros mais lentos devido à sujeira da pista. Maduro,
o mineirinho marcou pontos importantes e segue na liderança.
Na realidade, em circuitos mistos, hoje é o melhor acertador
e está entre os três melhores pilotos da categoria.
No meio de tanta confusão, Michael Andretti adotou a
estratégia vitoriosa junto com sua equipe e segue como
um dos maiores vencedores da categoria.
Fittipaldi e Kanaan tiveram problemas de equipamento. Christian
fez muito boa prova até para com o câmbio quebrado.
Tony não pode ser chamado de competitivo em nenhum momento,
sua equipe vem mal e precisa rever alguns conceitos...
Bruno Junqueira que vem cravando Kenny Brack nas
classificações e provas desta vez bobeou e ficou
pelo caminho. Falta de concentração e ritmo ainda
fazem com que, às vezes, ele se atrapalhe sozinho. Velocidade
não falta, porém, precisa rever aspectos de seu
treinamento psicológico, mental e emocional.
Nesta prova saltou me aos olhos três situações.
Duas delas eu já comentei em outras épocas e apenas
se confirmam, a última surpreende, mas todas são
ruins para nós brasileiros:
1-A F-Mundial vai perdendo patrocinadores a olhos vistos...A
quantidade de carros que estão com espaços vazios
ou com acúmulo de pequenos patrocinadores em áreas
que eram destinadas a um só é impressionante.
Cantei esta bola há três anos e tem a ver com os
custos elevados de novas tecnologias e internacionalização
da categoria. Enquanto isso a IRL vai vem obrigado.
2-Roberto Moreno perdeu mais uma vez o bonde da história
ao insistir na F-Mundial quando teve tudo para se firmar na
IRL há alguns anos. Respeito Moreno como um excelente
piloto que teve poucas oportunidades de mostrar sua capacidade.
Quando teve, se aproveitou do lado técnico, faltou senso
de oportunidade comercial ou visão de futuro...Saiu da
IRL onde ficou, por exemplo, Ayrton Daré e agora para
voltar será muito difícil...Na Mundial só
sobrará vaga para ele caso a decadência da categoria
se acentue ainda mais. Hoje para botar 20 carros em reais condições
de prova está cada vez mais difícil para a categoria
que chegou a ter mais de 30 disputando uma classificação;
3-A equipe Sigma pela qual está correndo Max Papis e
que teve excelente prova até quebrar teve Max Wilson
como piloto quando foi inaugurada. A equipe cresceu e está
caminhando...Max está na Austrália disputando
um Campeonato de Turismo...
Até
a próxima!
As
opiniões desta coluna são de responsabilidade exclusiva
do autor
Cacá Rabello