Finalmente
um GP onde houve disputa do princípio ao fim! Assim vi
o GP Brasil de F-1. Mas, mais uma vez, ficou uma preocupação
diante da tentativa exacerbada de transformar Rubens Barrichello
no herói nacional do Domingo. Principalmente por que
não deu para tentar com Massa.
Barrichello, a quem considero um bom piloto, com talento para
vencer corridas, principalmente na chuva, e, talvez, numa oportunidade,
que já surgiu para um Damon Hill e Jacques Villeneuve,
ser campeão mundial...Mas, como essa oportunidade não
se apresenta a toda hora, não acredito que pudesse ser
bi-campeão...
Na corrida de Domingo, Barrichello marcou, com pneus novos e
um carro com o mínimo possível de combustível,
a quinta melhor volta da prova. Vamos aos fatos:
1º Montoya com 1.16079; 2º Ralf com 1.1622;
3º Michael Schumacher com 1.16235 ; 4º Jenson
Button com 1.16 396; 5º Barrichello com 1.16511;
6º Raikonnen com 1.16529 e 7º Coulthard com
1.16 670.
Portanto, toda a plástica das ultrapassagens
no início da prova, corroboradas pela vibração
excessiva do locutor da emissora oficial, não encontra
respaldo no cronômetro. Mais, todos os pilotos que viraram
mais rápido e os dois vieram logo atrás fizeram
apenas uma parada. Portanto, mesmo quando o peso do combustível
esteve em igualdade, os demais ainda levavam a desvantagem por
utilizarem pneus mais gastos.
A rodada de Raikonnen cuja roda quebrada, já no momento
da freada, foi tratada como falha pessoal do piloto pelo narrador
da emissora oficial, embora fosse visível nas imagens
transmitidas a roda balançando boba antes
que o piloto tocasse a área de escape...Uma tremenda
injustiça!
Mais, a tal falha do sistema hidráulico, não me
convenceu. Vi e revi a fita que gravei da corrida e procurei
de todas as formas identificar se a tampa de combustível
do carro de Barrichello se abria quando o carro apagou na freada
do S, um sintoma visível e inevitável de tal tipo
de falha. Não consegui ver. Mas, do ângulo que
foi mostrado, parecia tudo normal. Quando o carro foi colocado
na grama, já não servia de referência, pois
aí já não tinha pressão nenhuma
com o motor apagado. Fiquei com uma forte impressão de
uma pane seca. Se tivesse sido alegado que tinha sido uma pane
elétrica, pela forma que o carro apagou, até poderia
acreditar de imediato. Mas, ficarei com a dúvida...
O certo, é que Michael Schumacher conseguiu fazer uma
daquelas provas que não deixam dúvidas quanto
a sua grande superioridade em relação aos seus
rivais e que o coloca entre os maiores de todos os tempos. Não
é mais uma vez no quesito carro que reside a diferença.
A Ferrari está inferiorizada em potência de motor.
Na Austrália, o alemão não conseguiu tirar
do vácuo e passar o carro de Trulli, tendo que
passar na manha, forçando o adversário ao erro.
Em Interlagos, a vantagem que Michael abria no Mergulho, e não
na Junção como insistiu o locutor, permitiu-lhe
chegar ao final da reta dos boxes sem ser ameaçado. Somado
a uma freada pra lá de depois da dos outros
, ganhava a reta oposta com boa vantagem e aí, tirava
logo para o meio da pista para forçar o adversário
a buscar seu vácuo tendo que mudar de trajetória.
Pequenos detalhes que o permitiram vencer com maestria mais
um GP. Seu 100º pódio em 155 GPs!! 55 vitórias!
Senão estou enganado a melhor média já
obtida. São fatos e como aprendi que contra fatos não
existem argumentos lógicos que se sustentem....
Mas, alguns outros fatos também me chamaram a atenção
nesta edição do GP Brasil.
O mais importante foi a tremenda mancada que o experiente Alex
Dias Ribeiro, ex-piloto de F-1, deu a o abrir a porta do carro
de socorro na cara do Nick Heidfeld na tentativa de socorrer
Bernoldi mais rapidamente, no acidente no final do Warm Up de
Domingo. Mais, do que isso, o fiscal do posto chegou a acenar
a bandeira verde junto com a listrada vermelha e amarela, pouco
antes de acenar a vermelha, outra mancada.
Mas, salvo se confirmada a quebra da suspensão, o Bernoldi
foi o responsável pela maior mancada do episódio,
destruindo o carro no warm up...
Fatos como estes me surpreenderam, pois o GP Brasil sempre foi
um exemplo de ótima sinalização. Os voluntários
que trabalham em nosso GP sempre foram motivo de orgulho.
Também, a mancada do Rei do Futebol foi de amargar. O
Nelson Piquet devia estar no Autódromo...Senão
o Emerson...O Wilsinho...Até o próprio Alex Dias
Ribeiro fez mais pelo automobilismo que o Atleta do Século.
É aquela estória de cada macaco no seu galho...
Os pilotos são conhecidos por suas poucas habilidades
com a bola no pé. Porém, para que não me
apareça alguém querendo associar minha afirmação
a algo racista, mudo a forma de expressar a idéia para
algo mais nobre: A César o que é de César.
Foi terrível a mancada. A cara que ficou estampada em
todos os jornais estava mais para daquelas de goleiro que acaba
de tomar um frangaço imperdoável.
Voltando à corrida, Michael Schumacher, se assim se pode
dizer algo de corridas, venceu antes da largada. O acerto do
carro, a mentalização das atitudes a serem adotadas
na largada e nas primeiras voltas, etc...Enquanto isso Montoya
esperava o quê? Nem o pessoal da sua própria equipe
pode defende-lo neste acidente. São essas pequenas coisas
que fazem as grandes diferenças. Montoya marcou e dançou.
Depois, como de costume, andou uma barbaridade, marcou a melhor
volta da prova...E daí...Nem ao pódio foi com
um carro excepcional.
As grandes atuações, fora às equipes previsíveis,
foram novamente Toyota e Renault.
A Renault vem subindo rapidamente de produção
sob o comando de Briatore...Os motores já são
ótimos... Os pilotos são bons. Uma pena o estouro
do motor de Trulli no final. Button já mostrou que está
retomando a forma que lhe deu crédito para ascender tão
novo ao cockpit de um F-1. Mas, sem essa de fenômeno.
A Toyota nas mãos de, pelo menos, um piloto mais capaz
entrará na briga por vitórias, acredito, já
na próxima temporada. O projeto é muito bem nascido
e trabalhado. Falta alguma coisa a mais aos pilotos e que contribua
para o desenvolvimento do carro nas provas.
Ralf Schumacher perdeu uma grande chance para atacar o irmão.
A alegação de que abriu mão dos riscos
de tentar vencer para garantir pontos no início do campeonato
é válida, porém, me faz crer que a questão
está mais voltada para dentro da própria Williams.
Ou seja, a briga Ralf x Montoya deve estar fazendo cair o restante
dos cabelos de Frank Williams e de Gerhard Berger. Se não
se sentisse ameaçado internamente, Ralf poderia ter tentado
passar o irmão pra valer!
A disputa particular dos Schumacher deu um certo brilho à
corrida senão...O terceiro já estava mais de 50
segundos atrás....E era uma McLaren...
Montoya com o 5º lugar ainda na está na balada dos
líderes e, SE, a Ferrari não arrumar uns 10 cavalos
a mais para Imola a coisa pode ficar feia para o lado do alemão
e de Barrichello...
Já Felipe Massa parece estar enfrentando problemas para
achar um acerto do carro, tanto nos treinos de classificação
quanto na prova. Coisas do aprendizado! Fez a pior volta mais
rápida dentre todos os pilotos, incluindo o malaio Alex
Yoong da Minardi. Algo de muito errado, mas muito mesmo aconteceu...
Mas, no final, o que fica é a imagem de um Michael Schumacher,
vencendo com os pneus acabados literalmente, caminhando de forma
inteligente e decidida para mais um título, capaz de
tirar coelho da cartola e brindar a equipe Ferrari
com aquele algo mais que a Mc Laren sempre lembrará dos
tempos de em Ayrton Senna estava lá.
A
F-3000 no Sábado
Os meninos brasileiros fizeram a festa e lavaram
a nossa alma antecipadamente. Quatro primeiros lugares. Porém,
nada de festa antecipada. Pelo que foi mostrado na pré
temporada e na própria corrida os favoritos ao
título do campeonato são Tomas Enge, tcheco, e
Bjorn Wildheirm, sueco, ambos do mesmo time.
O vencedor Rodrigo Sperafico fez excelente prova e investiu
corretamente na deterioração do equipamento de
seus rivais sob o forte calor de Interlagos.
Haberfeld foi muito inconstante. Ora se aproximava e ora esparramava
em alguma curva. O segundo lugar foi um belo prêmio.
Ricardo Maurício, terceiro, segurou com categoria às
investidas de Pizzonia, quarto. Este, por sua vez, detonou logo
cedo os pneus e foi perdendo rendimento. A faixa que ficou das
fritadas no pneu esquerdo dianteiro era visível
até pela TV. No final já devia estar chacoalhando
um bocado...
É pena que não haja previsão de transmissão
das demais provas da categoria, 10 preliminares da F-1, pois,
foram ótimos pegas, chega pra lá, rodada, piloto
se recuperando pra rodar, de novo, roda com roda, roda no meio
da lateral do outro. Resumo: a categoria foi boa de assistir.
E é bom saber que os moleques estão babando verde
e amarelo e que se os gringos bobearem...
Vivas
ao Motocross...
Embora não seja exatamente a minha praia, tenho acompanhado
alguns programas esportivos que estão aumentando o espaço
destinado ao Motocross nacional. Nada mais justo. A agregação
das categorias de 60 e 80 cilindradas ao espetáculo,
junto com as 125 e 250 cc, tornou o evento muito mais atraente
e abrangente. Atualmente, as provas reúnem participantes
de oito a 40 anos, até mais....Isto significa uma grande
reunião de famílias, torcida, volume de participantes,
entretenimento prolongado, etc...Todos os ingredientes de um
grande espetáculo. Em breve, se a fórmula for
mantida, teremos condições de ver novos pilotos
brasileiros em destaque em provas de Supercross, Motocross,
Enduros e demais provas correlatas de motocicletas como fruto
de um trabalho inteligente...Quem sabe um campeão do
Supercross americano? O que vi e gostei foi moleques de oito
anos de idade saltando feito "gente grande.... Os
pequeninos já colocam as oitentinhas de lado no alto
e tudo...Um barato!
Se o Brasil uma tradição em competições
de fórmula, em parte, é porque o kart sempre disponibilizou
esta oportunidade de começar a competir tão cedo.
O Motocross agora pode seguir o mesmo caminho.
Parabéns a todos os responsáveis por isto estar
sendo levado a efeito.
Até a próxima!
As
opiniões desta coluna são de responsabilidade exclusiva
do autor
Cacá Rabello