Deixei
passar as duas primeiras provas da temporada de F-1 e 3 do Mundial
de Rallye de Velocidade para poder ter uma idéia melhor
sobre o que está acontecendo. Ou seja, sem ilusão
de primeira prova ou distorção, bem como, para
poder filtrar o emaranhado de releases de pré-temporada
e ver mais claramente até onde vão os fatos mais
reais e o que não passou de Marketing de final de ano...ou
de pré-temporada.
Bem, vamos lá:
Mundial de Fórmula-1 ...Austrália e Malásia
As
duas provas alternaram alguns poucos momentos de emoção
com sua já tradicional e irritante falta
de competitividade. As forças continuam praticamente
as mesmas tanto entre os primeiros quanto entre os últimos.
Dois acidentes nas largadas, algumas pequenas lutas e no mais
aquela estória de estratégia de paradas nos boxes.
Quanto às largadas considero tanto Barrichello quanto
Ralf culpados. Besteira típica de primeira prova de temporada
em campeonato regional e em categoria de iniciantes na primeira.
Michael como Montoya quase inocentes na segunda.
As circunstâncias dos toques foram completamente diferentes,
e as conseqüências, por si próprias, já
dão o nível de intensidade.
A ressaltar a brilhante atuação de Michael nas
duas provas e o excelente desempenho de Montoya.
Esta conversa de escolha quanto ao número de paradas
está cada vez mais relacionada à capacidade dos
pneus em suportar o maior número de voltas com bom desempenho
. Ou seja, não é bem uma questão de escolha
mas sim de capacidade de suportar competitivamente um número
de voltas que force a uma, duas ou até três paradas...
Os pneus são mais determinantes do que a capacidade do
tanque de combustível.
A Renault impressionou pela potência do motor na Austrália
e deixou claro que a equipe, sob a batuta de Flávio Briattore,
deverá reeditar em breve a boa fase da Benetton que alçou
Michael ao estrelato na F-1.
A Minardi, quem diria, está terminando as provas. O australiano
Mark Webber deixou claro que não é bobo...o malaio
por sua vez tem muito o que aprender...
A Jaguar foi deprimente nas duas provas...Seu retorno às
mãos de Jackie Stewart é cada vez mais provável...As
estrelas Niki Lauda e Bob Rahal afundaram o time
com velocidade superior a dos carros da equipe...Nem Prost consegui
fazer tão rápido...talvez por estar sozinho e
nem ter dado tempo à Pedro Paulo Diniz de sentir o gosto
pela coisa...talvez tenha sido até bom...Se voltar para
a mão de Jackie Stewart, Barrichello pode ser premiado
pela sorte mais uma vez em sua carreira...
Pedro Paulo Diniz terá papel super importante no futuro
do país na F-1, através da preparação
e revelação de talentos ...
Barrichello não terminou nenhuma, enquanto Michael lidera
o campeonato com Montoya em segundo...Coincidência, sorte,
azar? Não acredito que sorte e azar possam contribuir
tanto para tanto palavrório e tão pouco resultado.
Vou abordar o assunto mais detalhadamente mais abaixo...Mas,
posso resumir em Síndrome de Substituto ou falta de comprometimento...ora
todo novato, segundo o locutor oficial da emissora, será
o substituto de Ayrton Senna...assim como de Pelé...passa
ano sai ano...e nada...nem para Pelé nem para Ayrton...Daqui
a pouco falo mais...Mas, isto já serve também
para Massa, Pizzonia e companhia...
A disputa entre os pneus Bridgestone e Michelin ( que em temperaturas
mais altas têm melhor compromisso entre desempenho e durabilidade)
deverá influenciar e muito o resultado do campeonato,
mais até do que já foi visto até agora.
Depois do GP Brasil será preciso avaliar a entrada do
modelo 2002 da Ferrari cuja demora para estrear está
diretamente relacionada com a confiabilidade da caixa de câmbio.
Novo desenho e novos materiais que precisam ser melhor avaliados.
Em desempenho já foi aprovado o modelo como um todo,
agora é melhorar a resistência. Como a aerodinâmica
será alterada, a carga básica, o consumo
e o desempenho dos pneus Bridgestone poderá ser alterado.
As Mac Larens estão paradas no tempo e começam
a ser superadas com maior freqüência e facilidade
pelas Williams e Ferrari. A Sauber e a Renault já estão
nos calcanhares...
O desempenho de Felipe Massa e Enrique Bernoldi foram exatamente
dentro da lógica...
No mais, há pouco a acrescentar e o negócio é
esperar pelo próximo GP e ver se algo de novo acontece...
Síndrome de Substituto....
Durante o ano passado, me referi ao desproporcional esforço
para transformar Antonio Pizzonia em novo ídolo nacional,
substituto de Senna. Este tipo de esforço
já comprometera a carreira de Barrichello.
No fundo, parece que nos acostumamos com a idéia de que
depois de Emerson Fittipaldi surgiu Nelson Piquet em seguida
e, contemporaneamente á Piquet, o fenômeno Ayrton
Senna. Logo, depois viria Barrichello...como não veio...seria
Max Wilson...como não foi...Pizzonia, Bernoldi e agora
Massa....
Resumo : devagar com o andor que o santo é de barro!
É o que pode melhor ser aplicado de imediato.
Pizzonia, conforme alertei na época, levou grande vantagem
na primeira fase de sua temporada na F-3, por melhor conhecer
os circuitos. Quando começaram a repetir os circuitos
a coisa não foi fácil. Aí, o argumento,
plantado na mídia, foi de que ele estava administrando
os resultados para ser campeão. Conversa! Ano passado,
venceu muito pouco e viu que o buraco na F-3000 era mais embaixo.
Este ano, na pré-temporada, a coisa está se confirmando.
Bernoldi, fez algumas boas provas na Arrows mas, cometeu erros
que jamais foram cometidos por Piquet, Fittipaldi e Senna na
mesma fase de suas carreiras, a ponto de em suas segundas temporadas
já estarem em times considerados grandes.
Agora, concentram-se em esforços para alçar Massa
a substituto de Senna, piloto da Ferrari em 2003, etc. Pois
bem, Massa já destruiu alguns carros na pré-temporada.
O resultado, com o tempo de uma volta melhor que o de Schumacher,
num dia que o alemão não estava na pista, durante
um teste, e que o próprio Massa não conseguiu
repetir, deixa claro que algo de especial aconteceu naquele
dia. Quanto á abertura da temporada e o resultado da
Malásia, foram parecidos com os de Raikkonen na mesma
equipe ano passado. Raikkonen está na Mac Laren e apesar
de mais rápido do que Coulthard, na Malásia, ficou
claro que está andando acima de seu próprio limite.
O carro vem espanando o tempo todo e pode sair
da mão á qualquer momento, da mesma forma como
aconteceu em algumas provas no ano passado. Principalmente após
o anúncio de sua transferência para a Mac Laren.
O que quero deixar claro é: considero Barrichello, Pizzonia,
Massa, Bernoldi e Burti pilotos de talento. Porém, as
oportunidades e principalmente a cabeça
para conduzir as coisas serão fundamentais para o desfecho
da carreira de cada um. Parece algo que todo mundo já
sabe...mas, nem todo mundo aplica e aí tem que ser lembrado...Nenhum
deles será, pelo menos tão cedo, um substituto
para Ayrton Senna ou capaz de bater Michael Schumacher. Vou
mais longe, Se Michael saísse do campeonato hoje, o próximo
a ser batido seria Montoya...Ou seja, nem assim, poderiam ser
colocados como os números 1 do circuito de imediato.
Os principais motivos são : experiência, talento,
COMPROMETIMENTO e oportunidade reunidos de forma apropriada.
Só para esclarecer de forma definitiva:
Michael Schumacher, tetra-campeão, ainda chega antes
dos mecânicos na sede da equipe, cedo, com alguma idéia
para melhorar o desempenho do carro. É capaz de passar
o dia inteiro andando e melhorando o carro, mesmo que o teste
não esteja previamente programado. Vive 24 horas o seu
trabalho, motivando a equipe a trabalhar mais e melhor por um
piloto que está comprometido 110% com a vitória.
Atende às decisões da equipe sem trazer celeumas
á publico. Ano passado, disputou provas de Kart, anda
de Kart até na neve, para manter-se em forma...Lembram
do Ayrton Senna andando em Interlagos quando já era piloto
da Mac Laren e depois em sua pista particular em Tatuí,
São Paulo.
Schumacher é casado e pai de família mas, é,
antes de tudo, um piloto obstinado, determinado, que cuida dos
detalhes. O termo foi usado pela última vez para Ayrton
Senna: obcecado. Mas, considero comprometido com seu trabalho,
imagem pessoal e de equipe mais apropriado.
Mais : Montoya, com todo o seu talento, foi elogiado somente
este ano por Frank Williams e Patrick Head por estar mais comprometido
e aprendendo a pensar no trabalho quando está fora dele...
Ralf, relaxou um pouco desde que firmou compromisso com sua
atual namorada...o resultado já pode ser sentido na pista...se
não tivesse ocorrido o choque entre Montoya e Michael,
na Malásia, dificilmente teria vencido. Tomou
tempo de Montoya o tempo todo.
Ou seja, ser campeão na F-1, principalmente mais do que
uma vez, requer empenho, comprometimento e dedicação
acima do normal exigido para vencer provas esporadicamente...
Portanto, dar tempo ao tempo é preciso.
Principalmente, no caso de Massa, a seqüência de
resultados na F-3000 italiana e européia, não
são suficientes para tamanho deslumbramento a ponto de
tentar alça-lo a piloto da Ferrari ou
novo Senna tão cedo. O campeonato que disputou
não era tão competitivo quanto o Inglês
de F-3, da F-3000 continental ou, ainda, o da Barber Dodge nos
quais a competitividade é muito maior e outros brasileiro
têm se desdobrado para vencer e não alcançam
tamanho destaque na mídia. Portanto, a matéria
prima é boa mas precisa de tempo e de bom cozimento,
têmpera, etc para poderem ser confiáveis
obras de arte no futuro. Senão racha e quebra como
tantos outros ícones que a emissora oficial
tenta empurrar goela abaixo, para depois torrá-los...
Mundial de Rallyes
Após 3 provas fica claro que a Peugeot melhorou em muito
seu desempenho nas provas de asfalto e que Marcus Gronholm está
se desdobrando no asfalto e reafirmando sua qualidade na terra.
Gronholm está acumulando pontos intermediários
em provas de asfalto que seriam impensáveis até
a temporada passada. Richard Burns vem se firmando na nova equipe,
Peugeot, e vai dar trabalho. Embora ainda não tenha vencido
nenhuma prova, é preciso considerar que ele não
pode testar o carro devidamente antes da temporada em conseqüência
da disputa judicial com a Subaru pela qual foi campeão.
Mas, já bateu os companheiros de equipe, Gronholm e Rovanpera,
em algumas especiais na neve e Gronholm e Panizzi no asfalto.
Panizzi no asfalto está se mostrando um degrau acima
dos adversários. Talvez, só os pilotos da Citroen,
principalmente Sebatien Loeb, possam fazer frente no asfalto.
Porém, como a Peugeot e Citroen são do mesmo grupo,
PSA, se preciso for as coisas se ajeitam...
Na Ford as coisas não vão tão bem quanto
no ano passado. Mc Rae continua na base do vai ou racha e está
rachando mais, justificando o apelido de Mc Crash...Carlos Sains
vem arriscando tudo...mas, só resultados intermediários
no final, apesar de algumas especiais brilhantes...
Makkinen, presenteado com a vitória depois da punição
de Sebastien Loeb em Monte Carlo, primeira prova, bateu
nas outras duas provas e não terminou. Mas, ficou claro
que sua decisão de deixar a Mitsubishi foi acertada.
Pois, Allister Mac Rae e François Delecour estão
penando e o resultado não vem. O companheiro de Makkinen
na Subaru, Peter Solberg, vem mostrando muito talento mas, ainda
é um piloto em aprendizado. Daqueles que vai dar muito
trabalho em mais uma ou duas temporadas...se continuar assim
é claro.
Portanto, a Peugeot vai acumulando uma vantagem confortável
no campeonato de construtores, principalmente com as 3 primeiras
posições no Tour de Corse, e com 2 vitórias
de seus pilotos em 3 provas pode também fazer o piloto
campeão. Principalmente Gronhom que disputa todas as
provas, ao contrário de Panizzi e Rovanpera que se alternam
em provas de asfalto e de terra, pode se firmar rapidamente.
Lidera atualmente o campeonato, é forte candidato à
vitória na terra e melhorou muito no asfalto. Seu principal
adversário na equipe, Richard Burns, deverá começar
a vencer em breve, porém, poderá ser tarde para
descontar a diferença que Gronholm vem conquistando.
No Grupo N e A, infelizmente, os sul-americanos, representados
pelos argentinos...foram afetados pelos problemas econômicos
do país...Pozzo e Treles estão com dificuldades
para ocupar os lugares previstos e merecidos...
Na Super 1600, só uma prova das 3 disputadas, e é
preciso esperar um pouco mais para poder visualizar melhor o
caminho...Ano passado, superioridade da Citroen com Loeb. Mas,
além de Loeb, outras estrelas estão subindo para
o Grupo A e tudo pode ficar diferente.
Assustador!
Não
me cabe outra expressão diante do que pude acompanhar
pela TV, ontem, na prova de abertura da temporada da F-Truck
em Caruaru...
O Show passou perto de se transformar em tragédia.
Impressionante como um público que já presenciou
outras provas no Autódromo Ayrton Senna, de Pernambuco,
possa achar engraçado ou outra coisa que o valha, atravessar
constantemente a pista diante de veículos a mais de 150km/h
e com mais de 5 toneladas. Foi brincar com o perigo de forma
além do que pode ser considerado racional. Graças
a Deus nada mais sério aconteceu. Porém, que fique
claro que outra situação como esta não
pode e não deve ocorrer, sob pena de comprometer a integridade
física de participantes e de público, a imagem
da categoria, o trabalho dos profissionais e das marcas nela
envolvidos, etc... Mas, tão importante quanto tudo isto,
há de se considerar que para se conseguir o apoio da
mídia, para fazer da categoria algo de sucesso, foi bastante
trabalhoso. Mas, diante de alguma tragédia, a emissora
concorrente, que raramente faz algo de positivo pelo automobilismo
nacional de base, com certeza irá se deliciar
em denegrir nosso esporte.
Falo como fã do esporte e mais ainda como competidor.
Ano passado, o Brasileiro de Rally de Velocidade só foi
citado na tal emissora em sua última prova, graças
a um acidente espetacular. As imagens feitas por pessoal fã
de rally, de um estúdio particular de Curitiba, foram
ao ar no dia seguinte no noticiário esportivo da tal
emissora e no final de semana seguinte no programa mais completo.
Outras imagens quaisquer, geradas pela emissora ou não,
são raras.
Portanto, rezo para que os responsáveis pela categoria
não permitam que algo do tipo ocorra novamente...
Até a próxima!